Atendendo a um pedido, excepcionalmente esse episódio está aberto para todos. Metáforas. Vocês já se deram conta de como elas dominam o nosso cotidiano, permeiam nossas falas, aparecem no nosso pensamento? Em 1980, George Lakoff e Mark Johnson publicaram “Metaphors We Live By”, obra de referência para qualquer pessoa interessada no uso da linguagem e nas relações entre linguagem e pensamento. Para Lakoff, linguista e filósofo, nós pensamos por meio de metáforas – a maior parte das vezes de modo inconsciente.
Lembro-me, quando estava na faculdade de engenharia, da disciplina Introdução a Sistemas Dinâmicos, em que usávamos um software para simulações (não me recordo o nome). Os blocos para construção do sistema eram todos hidráulicos (caixa d’água, válvulas, tubulações etc.). Era um software para modelar qualquer sistema dinâmico (não somente sistemas hidráulicos). Em última instância, uma caixa d’água é um elemento de armazenamento de energia (estoque), uma válvula é uma restrição a variação entre os estados (resistência). Poderíamos utilizar capacitors e resistores para modelar as mesmas coisas. No fim, o que está por baixo desses sistemas são equações diferenciais. Um sistema mecânico massa mola amortecido, por exemplo, tem a mesma equação diferencial de um sistema elétrico RLC: uma equação diferencial linear de segunda ordem. Matematicamente, esses dois sistemas são iguais. Portanto, temos uma tendência em utilizar sistemas mecânicos como analogia a sistemas mais abstratos e menos palpáveis. Uma derivada, nesse contexto, é a variação de uma quantidade em relação ao tempo, tal qual a vazão de um sistema hidráulico (volume do líquido que passa por uma área em um determinado tempo). Nos primórdios do nascimento do cálculo, Newton deu o nome de “fluxions” ao que hoje chamamos de derivada. Talvez a culpa seja dele “after all”.
Monica, finalmente consegui fazer a assinatura paga da sua newsletter. Eu acho que se usa o termo liquidez no sentido de fluidez. A metáfora mais dita na Economia é a mão invisível do Adam Smith. Eu acho que ela não é muito compreendida.
Olá Mônica. Adorei. !!! Talvez a opção pela metáfora líquida e não a gasosa se deu porque a água e essencial e pode-se cobrar pelo consumo já o oxigênio até o momento não. Sendo assim o conceito principal que precisa ser compreendido que 'tudo tem seu preço," fica mais paupavel. Rss. Obrigado por compartilhar a sua jornada do conhecimento.!
meu chute, digo expectativa, é de que escolheram liquidez, porque fogo alto, evapora a água, e aí nosso dinheiro se esvai. Tivessem escolhido vapor, a lógica seria inversa, porque o excesso de gases (e aqui penso no O2) aumenta o fogo. Eles poderiam escolher ENERGIA, seria mais apropriado na minha opinião. "Pouso suave, não pode sai dos trilhos", é mesmo tragicômico! haha
Mônica, boa tarde. Acabei de ler “A ciência tem todas as respostas?” de Sabine Hossenfelder.
A autora afirma que não podemos estar seguros de que é correta a ideia, de que no futuro distante (10.000bi de anos) o Universo conhecerá sua morte térmica.
Ou seja o fim não é uma certeza, as atuais leis da física continuarão válidas.
Ela também diz que pode ocorrer a qualquer momento, um decaimento expontâneo do vácuo, que destruiria toda a matéria do Universo.
Ela é didática e rigorosa, aborda temas instigantes da física.
O passado ainda existe?
O Universo foi desenhado para nós?
Não dormi melhor nem pior, , mas agora tenho algo a pensar.
As referências dela são Popper, Hume, Carnap, Russel e dão suporte quando diz que a física não filósofa da ciência.
Mònica, vou te elogiar usando uma metáfora, vc é a Alice no país da linguagem. Outra, eu me nutro do que você escreve. Tirando o Gustavo Franco, eu não conheço nenhum economista que entenda a força ontológica da linguagem. Outra metametáfora. Você é única, sem metáfora agora.
Nem sempre consigo ler o que publica por falta de tempo mesmo, mas sempre que leio é fantástico, agrega muito, é uma leitura rica em referências e porque não, excelentes metáforas! Assino porque tenho a certeza que sempre será um ótimo conteúdo! Obrigada!
Monica, estamos com vaga aberta do PPG-Linguística da UFJF pra professora visitante! Vem pesquisar metáfora e framing com a gente na FrameNet Brasil! Se não animar vir, estamos às ordens pra colaborar com a sua pesquisa de metáforas na economia. A FrameNet oferece um recurso muito legal para analisar os enquadramentos discursivos e como eles são encadeados. A ideia de blending também pode ser bem interessante pro que você está estudando. A inflação que é fogo, água e dragão é um megablend. Fantástico mais uma vez o podcast! Parabéns!
Me diverti muito aqui. Antecipei o fim de semana e sextei ainda durante o trabalho. ("Sextar" é metáfora...?) E fiquei imaginando que você, apaixonada por Platão (paixão deliciosa, esse sabia que filosofia também é literatura), se divertiria horrores catalogando a montanha de metáforas que ele usava para pensar. Não foi à toa que criou um gênero literário para a filosofia, o diálogo. Que leveza comparado com o gigantesco, mas pesado, Aristóteles! Vai lhe faltar tempo, você está caçando a economia lá, já vi sua extensa lista. Mas ia ser muito divertido. Só na alegoria (também chamada "mito") da caverna tem uma penca delas.
Estou QUASE pronto para começar a publicar aqui. Quase. A newsletter vai se chamar Uma Coisa e Outra.
Lembro-me, quando estava na faculdade de engenharia, da disciplina Introdução a Sistemas Dinâmicos, em que usávamos um software para simulações (não me recordo o nome). Os blocos para construção do sistema eram todos hidráulicos (caixa d’água, válvulas, tubulações etc.). Era um software para modelar qualquer sistema dinâmico (não somente sistemas hidráulicos). Em última instância, uma caixa d’água é um elemento de armazenamento de energia (estoque), uma válvula é uma restrição a variação entre os estados (resistência). Poderíamos utilizar capacitors e resistores para modelar as mesmas coisas. No fim, o que está por baixo desses sistemas são equações diferenciais. Um sistema mecânico massa mola amortecido, por exemplo, tem a mesma equação diferencial de um sistema elétrico RLC: uma equação diferencial linear de segunda ordem. Matematicamente, esses dois sistemas são iguais. Portanto, temos uma tendência em utilizar sistemas mecânicos como analogia a sistemas mais abstratos e menos palpáveis. Uma derivada, nesse contexto, é a variação de uma quantidade em relação ao tempo, tal qual a vazão de um sistema hidráulico (volume do líquido que passa por uma área em um determinado tempo). Nos primórdios do nascimento do cálculo, Newton deu o nome de “fluxions” ao que hoje chamamos de derivada. Talvez a culpa seja dele “after all”.
Monica, finalmente consegui fazer a assinatura paga da sua newsletter. Eu acho que se usa o termo liquidez no sentido de fluidez. A metáfora mais dita na Economia é a mão invisível do Adam Smith. Eu acho que ela não é muito compreendida.
Olá Mônica. Adorei. !!! Talvez a opção pela metáfora líquida e não a gasosa se deu porque a água e essencial e pode-se cobrar pelo consumo já o oxigênio até o momento não. Sendo assim o conceito principal que precisa ser compreendido que 'tudo tem seu preço," fica mais paupavel. Rss. Obrigado por compartilhar a sua jornada do conhecimento.!
meu chute, digo expectativa, é de que escolheram liquidez, porque fogo alto, evapora a água, e aí nosso dinheiro se esvai. Tivessem escolhido vapor, a lógica seria inversa, porque o excesso de gases (e aqui penso no O2) aumenta o fogo. Eles poderiam escolher ENERGIA, seria mais apropriado na minha opinião. "Pouso suave, não pode sai dos trilhos", é mesmo tragicômico! haha
cara professora, e a mão invisível? Não seria talvez a matáfora mais influente -- e ubíqua -- da literatura econômica? Ou de toda a literatura, ponto.
Gostaria de ouvir seu comentário, por favor. Grande tema, ótimas observações, obrigado.
Mônica, boa tarde. Acabei de ler “A ciência tem todas as respostas?” de Sabine Hossenfelder.
A autora afirma que não podemos estar seguros de que é correta a ideia, de que no futuro distante (10.000bi de anos) o Universo conhecerá sua morte térmica.
Ou seja o fim não é uma certeza, as atuais leis da física continuarão válidas.
Ela também diz que pode ocorrer a qualquer momento, um decaimento expontâneo do vácuo, que destruiria toda a matéria do Universo.
Ela é didática e rigorosa, aborda temas instigantes da física.
O passado ainda existe?
O Universo foi desenhado para nós?
Não dormi melhor nem pior, , mas agora tenho algo a pensar.
As referências dela são Popper, Hume, Carnap, Russel e dão suporte quando diz que a física não filósofa da ciência.
Mònica, vou te elogiar usando uma metáfora, vc é a Alice no país da linguagem. Outra, eu me nutro do que você escreve. Tirando o Gustavo Franco, eu não conheço nenhum economista que entenda a força ontológica da linguagem. Outra metametáfora. Você é única, sem metáfora agora.
Mônica, você se supera a cada texto. Muito obrigada!!
Nem sempre consigo ler o que publica por falta de tempo mesmo, mas sempre que leio é fantástico, agrega muito, é uma leitura rica em referências e porque não, excelentes metáforas! Assino porque tenho a certeza que sempre será um ótimo conteúdo! Obrigada!
Imagine um superlativo para "sensacional" e será o que penso do que li aqui hoje. Os comentários têm sido muito bons também .
Monica, estamos com vaga aberta do PPG-Linguística da UFJF pra professora visitante! Vem pesquisar metáfora e framing com a gente na FrameNet Brasil! Se não animar vir, estamos às ordens pra colaborar com a sua pesquisa de metáforas na economia. A FrameNet oferece um recurso muito legal para analisar os enquadramentos discursivos e como eles são encadeados. A ideia de blending também pode ser bem interessante pro que você está estudando. A inflação que é fogo, água e dragão é um megablend. Fantástico mais uma vez o podcast! Parabéns!
E vou ser de novo seu vizinho! Já fomos um tempinho no Globo.
Me diverti muito aqui. Antecipei o fim de semana e sextei ainda durante o trabalho. ("Sextar" é metáfora...?) E fiquei imaginando que você, apaixonada por Platão (paixão deliciosa, esse sabia que filosofia também é literatura), se divertiria horrores catalogando a montanha de metáforas que ele usava para pensar. Não foi à toa que criou um gênero literário para a filosofia, o diálogo. Que leveza comparado com o gigantesco, mas pesado, Aristóteles! Vai lhe faltar tempo, você está caçando a economia lá, já vi sua extensa lista. Mas ia ser muito divertido. Só na alegoria (também chamada "mito") da caverna tem uma penca delas.
Estou QUASE pronto para começar a publicar aqui. Quase. A newsletter vai se chamar Uma Coisa e Outra.