22 Comentários

Acho interessante notar que, além do poder economico do agro e seu crescimento de relevância a partir dos anos 2000, e do citado aumento de influência política, observa-se também uma expansão da influência cultural da musica sertaneja, ligada ao agro, que dominou o cenário da musica nacional desde os anos 2010.

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Ôôô sorte (como o grande Wilson das Neves dizia) de ter Mônica explicando pra gente o que ela pensa alto e em especialíssimo tom!!! Muito obrigada!

Como caloura em economia aos 61, tento tirar minhas simples conclusões. Me lembrei da aula sobre a industrialização da Coreia do Sul: análise global, estratégia, planejamento de etapas, execução e acompanhamento. Tais ações previnem incêndios e agora compreendo que nunca criamos as nossas. E pior, levamos uma rasteira das oligarquias quando um grande primeiro passo foi dado (o Plano Real). Permanecemos vivendo das commodities soja, minério de ferro, petróleo bruto, açúcar, carne e celulose.

Ai caramba, continuamos a ser um país do futuro??!!! É né. Vencemos uma luta muito importante nas eleições. Foi a primeira de uma longa guerra pela frente. Fiquemos atentos ao atual governo e aos seus opositores. Não existem milagres, mas aprendo aqui com Monica e com o grupo que temos ferramentas pra andar pra frente.

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Perfeito! Foi muito bom ouvir novamente o áudio analisando os gráficos. Ficou bem mais fácil a compreensão das raízes do processo de industrialização e desindustrialização brasileira. Parabéns!

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Mônica, fiquei com uma dúvida relacionada ao gráfico postado nos episódios anteriores desta subserie, onde é mostrado o valor agregado do setor manufatureiro como percentual do PIB.

Percebe-se claramente o período turbulento pelo qual passou o Brasil até a implantação do Plano Real. Mas, desde então, as linhas descendentes dos três países passaram a caminhar juntas. A diferença é que as curvas descendentes de México e Estados Unidos têm trajetória linear desde o início da amostragem. Isso não significaria que o processo de desindustrialização se deu nos três países?

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Mar 16, 2023·editado Mar 16, 2023

De fato, os chamados "desenvolvimentistas" costumam responsabilizar as reformas dos anos 1990, inclusive o Plano Real (sustentado no tripé câmbio valorizado, abertura comercial e juros altos), pelo processo de desindustrialização do Brasil. Na visão deles, FHC e sua equipe teriam acabado com a indústria nacional.

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Adorei a exposição clareou muito para mim, mas tenho dois pontos que gostaria de expor: 1 - referente ao 1°gráfico no auge de 1978 qdo do pico dos produtos primário o fato do Brasil estar em plena ditadura militar ajudou a refrear a industrialização? 2) No quarto ciclo em 2011 governo Dilma, foi uma questão de escolha errada focar no agro ao invés de diversificar?

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Alguns pontos precisam ser realçados sobre o aumento da exportação agrícola no Brasil:

a) a contribuição relativa das vendas agrícolas e de commodities nas economias em desenvolvimento está diminuindo. Por exemplo, embora na Holanda a exportação agrícola também tenha crescido - nos mesmos percentuais que no Brasil - a contribuição da agricultura no PIB total caiu de 7% para 2% nas últimas duas décadas.

b) Conforme mostra a tabela, no Brasil a exportação de produtos industrializados diminuiu nas últimas décadas. Assim, o valor adicionado diminui a cada ano, deixando menos margem para ser alocada para pesquisa, inovação ou mesmo infraestrutura.

Na Holanda, com o tamanho do Distrito Federal, o valor da exportação é superior ao do Brasil.

É uma imagem clara; O Brasil está sendo cada vez mais colonizado e explorado pelos países asiáticos, onde o Brasil fica com os riscos de mercado, o impacto ambiental e a perda de recursos. Os compradores lucram com o valor agregado em seus países e ganham dinheiro vendendo fertilizantes, químicos e genéticas no Brasil. O próximo passo é ganhar dinheiro com a logística e comercialização dos produtos.

Então, a menos que o Brasil decida iniciar uma política focada em valor agregado, inovação e desenvolvimento dos mercados consumidores, nunca terá recursos para investir numa infraestrutura física adequada, muito menos em uma infraestrutura social.

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Sim. O PT deixou de ser a representação de um operariado organizado no ABC paulista e, ao longo dos anos, paulatinamente foi virando o "pai dos pobres" que recebem bolsa-família. Um perigo, pois esta mesma base pode ser facilmente cooptada pela direita. Mas felizmente, como voce aponta, a nossa liderança carismática é genial, haja vistas para os economistas que elegeu como seus "advisers": Mariana Mazucatto, Monica de Bolle, Lara Resende, Persio Arida, Paulo Nogueira Batista, Jefre Sarchs, Nelson Narbosa. Mas o que será determinante não será as idiosincrasias dos economistas, e sim os movimentos da geopolítica da III Guerra Mundial. Mas uma vez, o Brasil oscila entre as Aliados da NATO e os BRICS fundadores da Nova Ordem.

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Conceito de Variável Econômica

O termo “variável” designa uma grandeza que pode ser definida e medida. Quando se fala em variáveis econômicas, pretende-se referir um conjunto de grandezas mensuráveis, determinadas pelo funcionamento do sistema econômico, onde estão incluídos, por exemplo, os preços, as quantidades transaccionadas no mercado, a riqueza produzida, as taxas de juro, as taxas de câmbio, as taxas de desemprego, entre diversas outras.

Existem também um conjunto de variáveis exógenas à economia que apesar de externas à economia, a influenciam. Incluem-se no conjunto das variáveis exógenas o clima, a situação social e política, as guerras e revoluções, a evolução demográfica, entre muitas outras.

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Daí a importância das abordagens multidisciplinares para a superação dos “econometrismos”…

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Eu achei importante voce pontuar que cambio e taxa de juros são variáveis endógenas. No debate

econômico existe confusão quando se fale em variável endógena e exógena.

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Muito enriquecedor os seus gráficos e argumentos, eu que sempre notei o comércio de quinquilharias da 25 de março ou a explosão dos chineses em Pontaporã, pensava que estávamos trocando nossos produtos industrializados e vendidos "com nota" no comércio geral por esses produtos de baixa qualidade (na época) sem "galantia" vendo o povo achar que seu poder de compra havia melhorado, sem perceber que isso também, entre os diversos fatores apontados até aqui, também ajudaram a implodir nosso parque industrial, visto que ele também era voltado para o grande mercado interno.

Puxa, e tem muito mais por vir....agradeço

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Mônica o ciclo de commodities no Gov Dilma também é marcado pelo desvio de finalidade do crédito subsidiado agrícola pelos tomadores investindo o capital em renda fixa devido aos Juros altos. O gov emprestando mais barato e recomprando mais caro. São elementos morais ou culturais da nossa sociedade.

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Não sei se o meu comentário é pertinente, mas o desejo de inovar, ou não, deve ter um papel importante na industrialização. Quais são os incentivos atuais para uma reindustrialização quando a economia incentiva transações no mercado financeiro, por exemplo ? Quem (com grande poder econômico) vai se dar ao trabalho de montar indústrias em um país instável? Imagino que políticas de incentivo são necessárias e talvez indispensáveis. Acho que o agro representa mais problema do que solução para médio e longo prazo. As razões principais são: 1. concentração de renda e baixa empregabilidade; 2. mudanças climáticas que podem afetar plantações inteiras; 3. a mentalidade retrógrada do setor. Precisamos recuperar a Petrobras e o que resta de estatais para alavancar o país. Faz sentido pra vocês também? Posso até tentar mudar a medicação 💊...

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Anotei tudo no meu Caderno de Apontamentos:

"Brasil tem sido uma economia primário-exportadora ao longo dos cincos séculos da sua história. Os destinos dos mercados, organizações e governos, tem sido desde sempre sujeitos aos impactos decorrentes das oscilações dos preços das mercadorias "commodities" negociadas nas bolsas do comércio internacional (Celso furtado!).

O excepcional crescimento do comércio, o "boom" da commodities, inicia em 2002 a década dourada. Os preços altos, termos de trocas favoráveis, fazem a Dívida Externa desaparecer, acumulamos reservas externas robustas, e poderosas Finanças Públicas capazes de financiar infraestrutura social.

Com a inversão do ciclo dos negócios, a partir da crise financeira de 2009, começa uma longa recessão ocidental, com transbordamentos recessivos sobre o Brasil; exceto no setor agrário exportador, que vendia para a Asia, área dinâmica, que passa ao largo da crise financeira das hipotecas americanas.

Com o golpe político para derrubar a Dilma, o Brasil sofre um processo de desorganização da sua jovem democracia, começa a destruição das instituições de Governo, e, até mesmo de Estado. Torna-se um país sem governo competente para operar políticas públicas que evitassem a destruição das suas corporações, das construtoras pesadas, e assiste a desindustrialização da sua economia.

Incapaz de produzir decisões públicas, o corpo social passa no rio da história a boiar inerte como um boi de piranha para os predadores do meio ambiente, fossem eles as compahias petrolíferas que queriam o presal, ou as milícias da baixada fluminense, que se aproveitam para eleger um político de estrema direita, que executa um programa "neo-liberal" de Estado Mínimo, que resulta na destruição do setor público do país."

Fantástica aula. Parabéns!

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Acho que o seu argumento sobre a indústria pesada cairá por terra no próximo episódio, a política dos heróis nacionais....só acho...

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Qualquer que seja o nome que a este se dê, o fato é que o encolhimento da indústria correspondeu ao quase desaparecimento da aguerrida classe 'operária' brasileira, particularmente agrupada no ABCD paulista, e também das suas representações sindicais. Isso deixou o Partido dos Trabalhadores praticamente pendurado na brocha, à beira da extinção, que só não ocorreu em virtude da genialidade de um líder, que foi capaz de cooptar eleitoralmente o subproletariado (Singer) com os velhos discursos assistencialistas. Nada muito diferente do que tem feito com muita eficiência o pentecostalismo em aliança com os campeões do campo.

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E a solução para controlar o processo endógeno, há?

Lembrei de : " A mão invisível do mercado."

Caberia nessa análise histórica?

Gratidão por tanto!

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Oi Mônica seria bom complementar os dois últimos gráficos com dados desde 1950

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