Exatamente no momento em que as reformas de base do Jango poderiam dar uma guinada no planejamento do desenvolvimento brasileiro, o golpe civil militar desmontou isto e fez uma modernização a sua maneira, reforçando os interesses de setores bem específicos do capitalismo nacional.neste sentido, o ponto de virada deste processo foi a ditadura?
O Estado capturado pelos interesses setoriais é ainda um dos principais objetos das Federações das Indústrias dos Estados, Associações e Sindicatos empresariais até hoje. A premissa desses agentes sobre a desindustrialização é apenas culpa macroeconômica + Custo Brasil. A dependência do Financiamento do Estado em inovação é +60%. O industrial brasileiro não quer assumir riscos (venture capital), quer o Estado como cliente e que pague a conta, ou seja, a qualidade e cultura empresarial brasileira é cliente-estado. Por isso, o movimento do "Liberalismo raíz" pelo antigo governo com apoio empresarial é fake e hipócrita.
Olá! Tá ficando mais complicado pra eu entender. Mas percebo na base das ideias que a complexidade política, histórica e econômica de cada país é inerente às suas curvas boom ou bust.
Gostaria de compartilhar aqui uma publicação que achei na internet sobre o Hirschman.
Monica, você falou sobre como ele foi um cara sui generis, de vanguarda e que considerou diferentes áreas nas respectivasa análises econômicas. Eu adorei o texto como um resumo para quem nunca pensou na ciência da economia. Espero que seja proveitoso aqui de alguma maneira. bfile:///C:/Users/sandr/Downloads/admin,+2+ANA+MARIA+BIANCHI_Hirschman+2013.pdf
Algo que logo me saltou à vista nesse gráfico é que o crescimento industrial a partir de meados dos 60 até o início dos 80 teve como UM dos seus fatores o governo militar.
Por mais nefasto que o regime tenha sido em outros aspectos, é inegável que o mesmo foi prolífico na construção de estradas, pontes, hidrelétricas, aeroportos, usina nuclear, veículos e equipamentos militares etc., todos intensivos no acionamento da indústria de base - cimento, asfalto, energia elétrica, aço etc., num efeito multiplicador. Eu vivi isso. Era de ouro das grandes empreiteiras. Da Zona Fanca de Manaus, sob o poder SUFRAMA. Das explorações marítimas da Petrobras, que o próprio Geisel presidira.
Também já roubava-se muito, e sem planilhas mesmo.
Os militares (brasileiros pelo menos) têm mesmo essa coisa do grande estado contratante. Uma parada meio egípcia. Inclusive, já recentemente, esse foi talvez o único ponto de discordância entre Bolsonaro e Paulo Guedes, desde o começo.
Mas um dos problemas da indústria de construção é que ela se esgota mais, por sua própria natureza: ei, estado, tá pronta, toma, pode cortar a faixa. E agora, o que tem mais? Vai outra estrada? Outra usina? O quê? Tá bom por ora? O cofre secou?
Isso e mais o revés macro pela proa, que a Mônica vai falar, além das limitações de sempre. Enfim, a curva caiu. O milagre acabou E agora, José? Vai subir de novo quando? Aguardemos os próximos capítulos.. Ótimo gráfico.
Eu não entendi uma coisa: as desonerações fiscais são prejudiciais para indústria ganhar competitividade, ao mesmo tempo, os impostos como IPI também foram apontados como negativos. Pareceu incoerente, tanto aumentar quanto reduzir imposto é ruim?
As desonerações feitas de qualquer jeito selecionam e favorecem setores em detrimento de outros. Além disso, elas são temporárias, e acabam tendo efeitos nas decisões das próprias empresas favorecidas (e nas das não favorecidas). Portanto, sim, em um horizonte de tempo essas desonerações são prejudiciais, ainda que tenham um efeito imediato "positivo". Excelente pergunta. Eu deveria ter esclarecido isso no áudio.
Por que hj não se tem um debate sobre a industrialização brasileira voltada tb para exportação, nada é comentado na esfera do estado, é impossível que eles com todo os dados que tem não veem isso.
Beleza, aguardo ansiosamente os próximo capítulos. Tem sido um grande prazer aprender com você - e demais novos amigos por aqui. Deixo uma enquete aberta, o Brasil estará por onde em termos de indústrias nos próximos 10 anos?
Andrea, e qual seria a sua previsão em termos de empregabilidade para um país tão grande (e pouco progressista) como o Brasil? Tem umas conversas super interessantes rolando por aí - ‘salário mínimo universal’, que confesso serem plausíveis para alguns países Europeus (possivelmente , um dia, até para todos os países da comunidade europeia se o grupo conseguir se fortalecer). Manda bala, que eu pego aqui!
O setor agropecuário, que paga poucos impostos e gera poucos empregos, recebe crédito subsidiado "ad eternum", e pouco se questiona esta dependência do Estado. O argumento da necessidade de produzir alimentos para consumo interno é um pouco frágil diante da constatação de que só em grãos o Brasil produz 4kg por dia e por habitante.
Wow, acho que tiro desta aula de hoje uma conclusão (precipitada!) : não existe crescimento econômico sem política estratégica de desenvolvimento industrial. Certo? Errado? Joguem uma luz no buraco que cavei - quem sabe vira túnel! 🤞🏽Adoraria saber a previsão sobre o que vai ocorrer com países que se afastam das indústrias formais e começam a se concentrar nas indústrias’ de serviços. Para remediar uma perigosa escassez produtiva - e dependência externa ( em suprir as necessidades de consumo interno), esses países possivelmente terão que investir em tecnologia (médica e computacional). Será que novas políticas protecionistas surgirão nesses setores? O fenômeno já é observado em farmacêuticas.
Acho que é por estar muito alto sim. Mas não necessariamente, o problema pode estar no "original" também. A senhora está colocando a vinheta no início por meio de edição ou "na mão", reproduzindo no ambiente da gravação?
Me parece que políticas de industrialização ou desindustrialização são geralmente determinadas pelo seu valor macroeconômico em um, tipicamente longo, horizonte de tempo. No entanto, um outro fator, tal como como segurança nacional, pode tb ser um elemento causador de mudanças nas políticas industriais. É claro que este fator pode até ser monetizado, mas me parece mais difícil fazê-lo com precisão. Qual a sua opinião?
Basicamente eu dizia que decisões sobre políticas de industrialização não passam apenas por razões econômicas mas também por razões de segurança nacional. Embora esta última pode ser quantificada monetariamente, está quantificação não é sempre muito precisa. Obrigado!
Ah, perfeito. Entendi. Concordo -- a quantificação do motivo “segurança nacional” para as políticas de industrialização é praticamente impossível de se fazer. No fim, trata-se de uma motivação normativa para uma finalidade econômica. Trump usou e abusou dessa justificativa para as medidas protecionistas que utilizou contra a China, por exemplo. É possível calcular o custo dessas medidas, mas não o presumido benefício da sua justificativa.
Um gráfico desses, como é um dado relativo, deve vir acompanhando de mais dados, se não, propícia viés. Na mesma data do declínio abrupto ocorreu a virada da população brasileira de rural para urbano, o que fez saltar os serviços. Esse fato, não pode deixar de ser utilizado. Assim, para justificar a interpretação de que o Brasil se desindustrializou - e de fato ocorreu - seria de bom tom olhar as perdas nominais de indústria e por qual setor. Além disso, o Brasil teve uma indústria no século 19 que foi destruída por completo na virada do século. Assim, já vivemos duas desinduatrializações. Ambas se relacionam ao papel agro exportador e dependente de capitais externos. Entretanto, nada que falei anula nada que tenha nos trago em essa ótima aula! Obrigado pelo conhecimento!
O exemplo mais importante da falta de competitividade da indústria brasileira é o setor automobilístico, o que é dependente do mercado interno. O grande desafio desse setor vai ser a mudança para combustível de origem não fóssil. Eu acho que se a Petrobrás investisse pesadamente em biocombustíveis teríamos com renovar a frota de ônibus e caminhões e substituir o uso do nefasto diesel.
Há previsão de produção de álcool "zero carbono" da plantação ao cano de escape dos automóveis em 2025, aqui no Brasil. Carros movidos à eletricidade no Brasil , pelo que acompanho, seria uma farsa ecológica. Os motores flex daqui já foram um bom avanço.
Exatamente no momento em que as reformas de base do Jango poderiam dar uma guinada no planejamento do desenvolvimento brasileiro, o golpe civil militar desmontou isto e fez uma modernização a sua maneira, reforçando os interesses de setores bem específicos do capitalismo nacional.neste sentido, o ponto de virada deste processo foi a ditadura?
O Estado capturado pelos interesses setoriais é ainda um dos principais objetos das Federações das Indústrias dos Estados, Associações e Sindicatos empresariais até hoje. A premissa desses agentes sobre a desindustrialização é apenas culpa macroeconômica + Custo Brasil. A dependência do Financiamento do Estado em inovação é +60%. O industrial brasileiro não quer assumir riscos (venture capital), quer o Estado como cliente e que pague a conta, ou seja, a qualidade e cultura empresarial brasileira é cliente-estado. Por isso, o movimento do "Liberalismo raíz" pelo antigo governo com apoio empresarial é fake e hipócrita.
Olá! Tá ficando mais complicado pra eu entender. Mas percebo na base das ideias que a complexidade política, histórica e econômica de cada país é inerente às suas curvas boom ou bust.
Gostaria de compartilhar aqui uma publicação que achei na internet sobre o Hirschman.
Monica, você falou sobre como ele foi um cara sui generis, de vanguarda e que considerou diferentes áreas nas respectivasa análises econômicas. Eu adorei o texto como um resumo para quem nunca pensou na ciência da economia. Espero que seja proveitoso aqui de alguma maneira. bfile:///C:/Users/sandr/Downloads/admin,+2+ANA+MARIA+BIANCHI_Hirschman+2013.pdf
Puxa! Que chato!! Tem episódios sobre os quais eu não tenho nada a dizer.
Algo que logo me saltou à vista nesse gráfico é que o crescimento industrial a partir de meados dos 60 até o início dos 80 teve como UM dos seus fatores o governo militar.
Por mais nefasto que o regime tenha sido em outros aspectos, é inegável que o mesmo foi prolífico na construção de estradas, pontes, hidrelétricas, aeroportos, usina nuclear, veículos e equipamentos militares etc., todos intensivos no acionamento da indústria de base - cimento, asfalto, energia elétrica, aço etc., num efeito multiplicador. Eu vivi isso. Era de ouro das grandes empreiteiras. Da Zona Fanca de Manaus, sob o poder SUFRAMA. Das explorações marítimas da Petrobras, que o próprio Geisel presidira.
Também já roubava-se muito, e sem planilhas mesmo.
Os militares (brasileiros pelo menos) têm mesmo essa coisa do grande estado contratante. Uma parada meio egípcia. Inclusive, já recentemente, esse foi talvez o único ponto de discordância entre Bolsonaro e Paulo Guedes, desde o começo.
Mas um dos problemas da indústria de construção é que ela se esgota mais, por sua própria natureza: ei, estado, tá pronta, toma, pode cortar a faixa. E agora, o que tem mais? Vai outra estrada? Outra usina? O quê? Tá bom por ora? O cofre secou?
Isso e mais o revés macro pela proa, que a Mônica vai falar, além das limitações de sempre. Enfim, a curva caiu. O milagre acabou E agora, José? Vai subir de novo quando? Aguardemos os próximos capítulos.. Ótimo gráfico.
Exatamente.
O Jhônatas deixou uma pergunta excelente nos comentários abaixo -- eu o respondi, mas deveria ter esclarecido esse ponto no áudio. Não deixem de ver!
Eu não entendi uma coisa: as desonerações fiscais são prejudiciais para indústria ganhar competitividade, ao mesmo tempo, os impostos como IPI também foram apontados como negativos. Pareceu incoerente, tanto aumentar quanto reduzir imposto é ruim?
As desonerações feitas de qualquer jeito selecionam e favorecem setores em detrimento de outros. Além disso, elas são temporárias, e acabam tendo efeitos nas decisões das próprias empresas favorecidas (e nas das não favorecidas). Portanto, sim, em um horizonte de tempo essas desonerações são prejudiciais, ainda que tenham um efeito imediato "positivo". Excelente pergunta. Eu deveria ter esclarecido isso no áudio.
Por que hj não se tem um debate sobre a industrialização brasileira voltada tb para exportação, nada é comentado na esfera do estado, é impossível que eles com todo os dados que tem não veem isso.
Beleza, aguardo ansiosamente os próximo capítulos. Tem sido um grande prazer aprender com você - e demais novos amigos por aqui. Deixo uma enquete aberta, o Brasil estará por onde em termos de indústrias nos próximos 10 anos?
Gostaria que a industria 4.0 esteja instalada completamente no Brasil.
Andrea, e qual seria a sua previsão em termos de empregabilidade para um país tão grande (e pouco progressista) como o Brasil? Tem umas conversas super interessantes rolando por aí - ‘salário mínimo universal’, que confesso serem plausíveis para alguns países Europeus (possivelmente , um dia, até para todos os países da comunidade europeia se o grupo conseguir se fortalecer). Manda bala, que eu pego aqui!
Matéria interessante sobre empregabilidade:
https://www.gupy.io/blog/empregabilidade
Boa pergunta!!
O setor agropecuário, que paga poucos impostos e gera poucos empregos, recebe crédito subsidiado "ad eternum", e pouco se questiona esta dependência do Estado. O argumento da necessidade de produzir alimentos para consumo interno é um pouco frágil diante da constatação de que só em grãos o Brasil produz 4kg por dia e por habitante.
Wow, acho que tiro desta aula de hoje uma conclusão (precipitada!) : não existe crescimento econômico sem política estratégica de desenvolvimento industrial. Certo? Errado? Joguem uma luz no buraco que cavei - quem sabe vira túnel! 🤞🏽Adoraria saber a previsão sobre o que vai ocorrer com países que se afastam das indústrias formais e começam a se concentrar nas indústrias’ de serviços. Para remediar uma perigosa escassez produtiva - e dependência externa ( em suprir as necessidades de consumo interno), esses países possivelmente terão que investir em tecnologia (médica e computacional). Será que novas políticas protecionistas surgirão nesses setores? O fenômeno já é observado em farmacêuticas.
Calma! Nem certo, nem errado. Mais complicado : ))
Oi, Monica. O áudio da vinheta está estourando no início.
Como assim? Está muito alto?
Acho que é por estar muito alto sim. Mas não necessariamente, o problema pode estar no "original" também. A senhora está colocando a vinheta no início por meio de edição ou "na mão", reproduzindo no ambiente da gravação?
Na mão, rs.
Também notei isso. ‘ Crackling noise’ . Um chiado, mas adoro a musiquinha. O único problema é que tenho que abaixar o som se tiver usando headphones
Eu vou diminuir o som!
Então deve ser o volume da reprodução mesmo hehehe
Rsrs. Vou diminuir o som.
Me parece que políticas de industrialização ou desindustrialização são geralmente determinadas pelo seu valor macroeconômico em um, tipicamente longo, horizonte de tempo. No entanto, um outro fator, tal como como segurança nacional, pode tb ser um elemento causador de mudanças nas políticas industriais. É claro que este fator pode até ser monetizado, mas me parece mais difícil fazê-lo com precisão. Qual a sua opinião?
Daniel, eu não entendi bem a sua pergunta...
Basicamente eu dizia que decisões sobre políticas de industrialização não passam apenas por razões econômicas mas também por razões de segurança nacional. Embora esta última pode ser quantificada monetariamente, está quantificação não é sempre muito precisa. Obrigado!
Obrigado!
Ah, perfeito. Entendi. Concordo -- a quantificação do motivo “segurança nacional” para as políticas de industrialização é praticamente impossível de se fazer. No fim, trata-se de uma motivação normativa para uma finalidade econômica. Trump usou e abusou dessa justificativa para as medidas protecionistas que utilizou contra a China, por exemplo. É possível calcular o custo dessas medidas, mas não o presumido benefício da sua justificativa.
Esse acordo Mercosul / Europa seria arriscado para as pretensões de reindustrialização da região ?
Não necessariamente. A Europa sempre importou tanto produtos primários quanto manufaturados do Mercosul.
O acordo com a unão europeia pode ser uma grande oprtunidade para setor automobilítico e setor de eletrdoméstico?
Um gráfico desses, como é um dado relativo, deve vir acompanhando de mais dados, se não, propícia viés. Na mesma data do declínio abrupto ocorreu a virada da população brasileira de rural para urbano, o que fez saltar os serviços. Esse fato, não pode deixar de ser utilizado. Assim, para justificar a interpretação de que o Brasil se desindustrializou - e de fato ocorreu - seria de bom tom olhar as perdas nominais de indústria e por qual setor. Além disso, o Brasil teve uma indústria no século 19 que foi destruída por completo na virada do século. Assim, já vivemos duas desinduatrializações. Ambas se relacionam ao papel agro exportador e dependente de capitais externos. Entretanto, nada que falei anula nada que tenha nos trago em essa ótima aula! Obrigado pelo conhecimento!
O exemplo mais importante da falta de competitividade da indústria brasileira é o setor automobilístico, o que é dependente do mercado interno. O grande desafio desse setor vai ser a mudança para combustível de origem não fóssil. Eu acho que se a Petrobrás investisse pesadamente em biocombustíveis teríamos com renovar a frota de ônibus e caminhões e substituir o uso do nefasto diesel.
Há previsão de produção de álcool "zero carbono" da plantação ao cano de escape dos automóveis em 2025, aqui no Brasil. Carros movidos à eletricidade no Brasil , pelo que acompanho, seria uma farsa ecológica. Os motores flex daqui já foram um bom avanço.