“Calma, pessoal, ele é um sujeito sensato”. Assim foi a conversa que assisti hoje no Wilson Center com Diana Mondino, a assessora de política externa de Javier Milei. Ela não chegou a insistir que seu chefe é, na verdade, um cordeiro, mas não passou muito longe. Mondino é preparada, inteligente, esperta. Conseguiu dar um tom “moderado” às ideias mais disparatadas de Milei no campo da política externa. Demonstrou sagacidade ao comentar a entrada da Argentina nos BRICS: “Com a crise econômica que temos, qual o sentido de priorizar a inserção do país nesse grupo?”. Foi esperta ao falar sobre Lula: “É claro que, se eleito, Milei terá de forjar uma relação com Lula. O Brasil é país de grande importância para nós”. Não disse nada descabido ou desconhecido ao enfatizar a disfuncionalidade do Mercosul: “Deveria ser um bloco de cooperação, não de competição”.
Foi convincente na tentativa de reinventar seu chefe? Não. As palavras de Milei sobre a China, sobre Lula, sobre o que pretende de um modo geral continuam a ser as palavras de Milei. As reproduzidas acima são as palavras de Mondino.
Milei “Paz e Amor”?
Ontem o candidato da ultra direita concedeu ao canal do YouTube do periódico La Nación uma entrevista reveladora. Está claríssimo que, a essas alturas da campanha e após os resultados do primeiro turno, Milei entendeu que caso não consiga modular-se entregará a presidência a Sergio Massa. Quem apareceu foi outro Milei, focado novamente nas questões econômicas e claramente assessorado pelas equipes de Patricia Bullrich e Mauricio Macri, que lhe deram o apoio público. Aliás, para viabilizar esse apoio, Milei aceitou algumas condições, entre elas: não acabar com a educação pública, não romper com o Brasil, não provocar uma ruptura com a China, defender a diversidade LGBTQ+, manter a proibição da venda de armas, manter a proibição de venda de órgãos humanos.
“Massa é um político inteligente que não deve ser subestimado", disse.
Ah, mas a economia.
Ah, mas a Economia…
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