Parece Saturno, não? O que pedi ao DALL.E, entretanto, foi uma imagem do nosso planeta se despedaçando. Recebi quatro versões, duas delas achei apropriadas. A primeira, acima, por melhor ilustrar a ideia de “Terra em Transe” que queria capturar. A segunda, abaixo, por lembrar muito de longe, mas muito de longe mesmo, uma espécie de “Terra em Transe à la van Gogh”.
Estava atrás dessas ilustrações após a leitura do último artigo do economista e historiador Barry Eichengreen. O texto é longo, mas desenha um traçado útil sobre o histórico recente da globalização, sobretudo da era hoje chamada de hiperglobalização inaugurada após a queda do Muro de Berlim.
A Globalização em Declínio
O tema “globalização em declínio” é figurinha fácil nas análises dos últimos anos, sobretudo desde o Brexit e da ascensão de Donald Trump em 2016. Como todo o debate dessa nossa era de pós-modernidades há os que se alinham para defender os benefícios da integração global e os que se juntam para atacá-la. Eichengreen está claramente no campo daqueles que a defendem, embora nesse artigo esteja mais interessado em apontar as causas de seu definhamento. De modo geral, gosto dos artigos dele pois, como historiador que é, não foge como costumam fazer os economistas da política e da geopolítica. Contudo, não há nada de propriamente novo na sua mais recente argumentação.
Diz Eichengreen, como já havia escrito em seu livro de 2018, “The Populist Temptation”, que a globalização definha em razão do surgimento de líderes e ideias “populistas” com inclinações autocráticas. Tais líderes e suas ideias têm sido capazes de cativar sociedades insatisfeitas com os rumos tomados pela geopolítica e pela economia global nos últimos 30 anos. Ainda que muitas das propostas que veiculam não sejam propriamente novas — as ondas de nacionalismo observadas desde o Século 19 discutidas no meu livro sobre Nacionalismo Econômico cujo manuscrito está, finalmente, próximo da finalização — elas são atraentes. A pergunta é por que? Por que eleitores se deixam seduzir por agendas ideológicas que flertam com a autarquia e com regimes autocráticos de governo?
Aqui nem o texto, e menos ainda o livro de Eichegreen, são capazes de fornecer respostas satisfatórias. O subtítulo do livro é “Economic Grievance and Political Reaction in the Modern Era". Mas, será mesmo apenas uma questão de frustrações econômicas? Fui para a Filosofia.
Como as Democracias Acabam, à la Platão
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